Como devo preparar meus filhos para herdar um negócio?
Escrito por Herbert Steinberg, especialista em empresas familiares
O primeiro desafio de todo empresário é pavimentar os processos que levam à perpetuação da empresa e dos seus negócios. O empresário, além de lidar com as incertezas de mercado e com as mudanças constantes de competição e de tecnologia, enfrentam questões que parecem intangíveis aos olhos de qualquer desavisado mais pragmático.
A sucessão envolve mais do que suceder quem toca a companhia, quem definiu as bases e os fundamentos do DNA do empreendimento. Não é incomum a preocupação se restringir a aspectos da transferência patrimonial entre gerações, algo muito importante, mas não o único aspecto desta complexa relação.
Sucessão de legado, sucessão patrimonial e sucessão do modelo de gestão são plataformas distintas, ainda que interdependentes, que precisam ser encaminhadas de forma profissional e não doméstica. Isto não significa alijar parentes e membros do clã do processo, muito pelo contrário, mas adotar processos profissionalizados de quem tem experiência de mercado com estes delicados e complexos temas.
A questão acima “como devo preparar meus filhos…” vai além dos assuntos em torno da sucessão, pois trata também do preparo dos herdeiros para terem uma visão de empresários antes mesmo de serem formados possíveis gestores, se for o caso.
Entender o que é uma empresa, os riscos e responsabilidades que a cercam, direitos e deveres, a finitude a que estão expostas, as consequências decorrentes de uma gestão que leve a uma performance abaixo da média são os verdadeiros alicerces para a formação desta geração que assumirá a propriedade da companhia independente da sua gestão.
Os herdeiros geralmente são influenciados pelas expectativas que criamos neles, e às vezes involuntariamente geramos ruídos com graves consequências em suas vidas à frente. Fantasiam ser capitães de indústria, repetir o modelo do pai, copiar o estilo do avô, confundem vaidade, poder, posse com aquilo que lhes foi “vendido” ou por eles percebido desde a infância.
E, quando já maduros para adentrar na companhia ou nos empreendimentos, muitas vezes, veem-se inaptos, aquém do preparo exigido pela complexidade atual dos negócios, diferente à época dos pais e avós. Às vezes herdam empresas fragmentares, endividadas ou com riscos ingerenciáveis, ou desatualizadas tecnologicamente e fora do mercado.
É necessário, portanto, durante a formação dos filhos herdeiros, criar consciência sobre todas as dimensões do processo. Criar a casca grossa necessária para trabalhar as vicissitudes empresariais e ao mesmo tempo os riscos inerentes.
Há de se cultivar também a paixão pelo negócio, além da competência técnica e emocional necessária a qualquer empresário. Ter experiência externa aos próprios empreendimentos ou negócios não é algo exótico, mas sim muito útil na formação de qualquer herdeiro.
Herbert Steinberg é sócio da consultoria Mesa Corporate Governance
Via Exame
Compartilhe nas redes!
Preencha o formulário abaixo para entrar em contato conosco!
Últimos Posts:
Categorias
Arquivos
Tags
Fique por dentro de tudo e não perca nada!
Preencha seu e-mail e receba na integra os próximos posts e conteúdos!
Compartilhe nas redes:
Posts Relacionados
Como funciona o controle de jornada do empregado doméstico?
Controle de jornada do empregado doméstico: obrigações legais e segurança jurídica O artigo explica como funciona o controle da jornada de trabalho do empregado doméstico,
ChatGPT agora executa tarefas sozinho e ameaça o papel de assistentes humanos
O novo recurso “Agent Mode” do ChatGPT marca uma evolução significativa no uso da inteligência artificial no ambiente corporativo. A ferramenta transforma o assistente virtual
Multas no eSocial: veja novos valores e as mudanças na rotina do SST
A Portaria MTE nº 1.131, publicada em 3 de julho de 2025, atualizou as regras para aplicação de multas relacionadas à área de Saúde e
O ITBI e seus mistérios na integralização de imóveis no capital social da holding!
Imunidade constitucional e suas limitações A Constituição Federal prevê imunidade do ITBI quando imóveis são transferidos para uma pessoa jurídica na forma de integralização de
Como garantir caixa e segurança jurídica na transição da reforma tributária
Publicado em 22 de julho de 2025, o artigo analisa os principais desafios enfrentados pelas empresas durante a transição para o novo modelo tributário brasileiro,